terça-feira, 10 de julho de 2012




estou esgotado
até pra fechar os olhos
sob a chuva fria

explode o mundo lá fora
entre névoas e trovoadas


**


segue seu rumo
após tanta atribulação
o gavião exausto

a escuridão se une a mim
na borda deste penhasco


**


em minha viagem
espalhado pelos campos
há um vento cortante

encharcado de saudades
ouço o rumor da tua voz






estrada vazia
arrasta as nuvens o vento
pelos campos secos

o dia passa embebido
por entre as névoas do tédio


**


os campos da serra
onde ando prá lá e prá cá
cobertos de geada

este frio voraz assola
até as minhas lembranças





sexta-feira, 6 de julho de 2012



esta chuva fria
pelas frestas da janela
a noite de vento

ouço agora o mar furioso
entrar em minhas entranhas


**


quero a ventania
sobre o telhado de casa
levar meus demônios

exposto em meu coração
o silêncio insuportável



quarta-feira, 4 de julho de 2012



ao entardecer
o sol que se põe encobre
a minha visão

a brisa esfria-me o corpo
e todo o céu sobre mim


**


sob um céu sem lua
a lanterna do farol
deixa o mar mais claro

neste mundo os sonhos viram
lendas quando o barco volta






à luz da manhã
patina na lama do pátio
o cão barulhento

com a chegada do inverno
os caminhos silenciam


**


nas ruas do bairro
cresce o capim nas calçadas
e o vento sossega

parece falar comigo
o gato sobre o telhado





olho à minha volta
e só vejo a estiagem
que cobre os campos

sinto a falta da tua presença
nesta tarde de inverno


**


paisagem de fundo
nos galhos secos do arbusto
colibri sem rumo

às vezes o olhar procura
e não encontra o que quer



terça-feira, 3 de julho de 2012

sakura



em meio à neblina
jazem na beira da praia
pedaços de juncos

aqui jogaram meus restos
que um dia alguém achará






à beira da estrada
ainda repousa o espantalho
no milharal seco

esta é uma noite de luar
pra ler sua carta de amor


**

olho para trás
na praia rochosa cresce
este entardecer

a lua atravessa as nuvens
para ocultar essa dor ?






nesta antiga casa
com a chuva fria lá fora
contemplo a noite

esta tristeza que sinto
penetra nas folhas secas


**


penso que trago
fantasmas dentro de mim
num frasco de vidro

suas pegadas na areia
são levadas pelo mar




domingo, 1 de julho de 2012



vento nos cabelos
lentamente o dia escorre
rumo à solidão

folhas de outono voam
nessa clausura assombrosa




tanka


adiante o horizonte
anuncia a nova manhã
em fragmentos

aquelas sombras enormes
por algum tempo se vão


**


era uma lágrima
como a ressaca do mar
uma lágrima explícita

por detrás das cortinas
o céu me alumbra em silêncio



tankas