terça-feira, 21 de agosto de 2012



neste céu cinzento
onde as nuvens em cortinas
cobrem o horizonte

o lamento das cigarras
no entardecer do jardim


***


por trás da cortina
posso ver o que há lá fora:
a névoa se eleva

garoa encharca minha alma
o resto é o vento que leva


***


cinzenta manhã
na areia onde estrelas morrem
só se ouve o terral

as tramas do dia escondem
o olhar que deixo por lá


***


revoada de aves
no ocaso dessa tarde
também me recolho

trazendo o luar na espuma
tomba a onda nessa praia



sexta-feira, 17 de agosto de 2012



rosto de meu pai –
as rugas mostram o caminho
que devo tomar

uma rajada de vento
leva as folhas do salgueiro


***


no nevoeiro espesso
à margem da estrada velha
meu coração vaga

à noite a pedra gravada
com seu nome se resfria





à noite a lua
se estende inteira na areia
soprada pela brisa

pétalas vagam nas ondas
que o mar leva prá bem longe


***


à beira do lago
o olhar tem a cor da tarde
que se recolhe

os olhos acendem estrelas
ao teu lado para sempre


sábado, 4 de agosto de 2012




revoada de aves
no ocaso dessa tarde
também me recolho

trazendo o luar na espuma
tomba a onda nessa praia


***


por trás da cortina
posso ver o que há lá fora:
a névoa se eleva

garoa encharca minha alma
o resto é o vento que leva



plataforma de pesca - Tramandaí / RS



na casa antiga
teia de aranha ao crepúsculo
o vento se espalha

vejo a bruma se elevar
lentamente lentamente


***


à deriva e fria
sobre o riacho das montanhas
a lua de inverno

nesta solidão contemplo
os pinheiros do caminho



barra do rio camarão - Tramandaí / RS



inverno profundo
o som da cascata absorve
as folhas em queda

desaparece em silêncio
a ápera voz de meu pai


***

através da noite
a chuva fria sobre a casa
onde habito eu

revejo meus cinqüenta anos
no vôo da mariposa



lagoa do armazém - Tramandaí / RS




o tempo não passa
para o samurai de pedra -
jardim japonês

eis o cheiro da neblina
no repouso dessa tarde







cinzenta manhã
na areia onde estrelas morrem
só se ouve o terral

as tramas do dia escondem
o olhar que deixo por lá


***

teço este poema
em meio ao frio implacável
da noite chuvosa

lágrimas caem em silêncio
onde florescem os lótus