quinta-feira, 28 de junho de 2012



com tijolos de barro
o pedreiro e o servente encobrem
o sol desta tarde

começa a escurecer
o céu sobre a cidade


**


ao frio da estação
junta argamassa o pedreiro
com as mãos empedradas

no jardim abandonado
as gérberas florescem


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roupas no varal
secam ao sol da manhã
os galhos da amora

as nuvens lentamente
encobrem todo o jardim


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no jardim japonês
tendo a flor como suporte
esta borboleta

mesmo por pouco tempo
contemplo toda solidão


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andorinhas-do-mar
sobre os barcos atracados
em minha fotografia

na mais profunda solidão
um périplo de imagens


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nesse papel
após o ribombar do trovão
o crepúsculo jorra

o olhar transcende
a cortina da janela


**


à deriva o olhar
do pássaro sobre os ramos
em silêncio se faz

é preciso ouvir o ruído
que há dentro de nós



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